G.V.A.

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Drogase DSTs: combinação quase sempre perigosa




A combinação entre o uso de drogas e as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) costuma ser bastante perigosa. Pessoas saudáveis correm o risco de se infectarem com o uso de material contaminado e, devido a mudança de comportamento, ficam mais vulneráveis às doenças infecciosas como Aids, hepatites B e C, HPV, sífilis, entre outras. Os soropositivos, por sua vez, podem ter uma falha na adesão ao tratamento e até se infectarem novamente, dificultando a condução da terapia anti-HIV.

Nos últimos anos, no Brasil, houve uma mudança em relação ao perfil dos dependentes químicos. O consumo de drogas injetáveis diminuiu, enquanto os entorpecentes mais baratos passaram a ser utilizados com maior frequência, principalmente entre os jovens.

O crack é um bom exemplo disso, já que seu consumo quase dobrou de 2001 para 2005, segundo informações do Programa Nacional de DST e Aids. Estudos realizados no país e no exterior mostram que a prevalência do vírus da Aids entre usuários de crack é bem maior do que na população geral (0,6%). Na cidade paulista de Campinas, por exemplo, o índice de infecção nas pessoas que usam a droga é de 7%, revelam dados do órgão.

O uso de drogas como a cocaína, que pode ser injetada diretamente na corrente sanguínea, não deixou de ser uma porta de entrada para o vírus HIV. Além da Aids e das hepatites B e C, outras doenças também podem ser transmitidas pelo compartilhamento de seringas, já que a troca de fluídos (no caso, sangue) entre o portador de uma DST e uma pessoa saudável torna a infecção inevitável.

Para muitos usuários de drogas, outra consequência, que também merece atenção, refere-se ao comportamento nas relações sexuais. Após estarem sob os efeitos da droga consumida, as pessoas podem descuidar da prevenção às DSTs e manter relações desprotegidas, sem uso de preservativo, aumentando o risco de contrair ou mesmo de transmitir alguma doença.

Adesão

O tratamento com medicamentos antirretrovirais trouxe, além da diminuição da mortalidade por Aids, a melhoria na qualidade de vida dos pacientes soropositivos. Aliado a isso, um bom relacionamento do paciente com a família e a aceitação da doença por ambas as partes são fatores muito importantes.

Para o presidente da Sociedade Baiana de Infectologia, Adriano Silva de Oliveira, “um bom relacionamento com o médico assistente é uma verdadeira vacina contra os problemas de adesão. O médico tem um poder muito grande sobre o paciente, não só pelo imaginário que ele ocupa, mas também, pela fonte segura de informação e orientação que ele pode ser”.

O principal problema trazido pela falta de adesão ao tratamento é a resistência que o vírus cria contra os remédios que o combatem, segundo o infectologista que também integra o Comitê Científico de HIV/Aids da SBI. E o uso de álcool e/ou drogas ilícitas interfere muito nesse quadro, pois podem ocasionar o esquecimento das doses do medicamento. Por isso, “participar de programas de abstenção de drogas faz parte das estratégias de uma boa adesão aos antirretrovirais”, afirma Oliveira.

Caso o paciente soropositivo seja também usuário de drogas, é aconselhável que se inicie primeiramente um tratamento contra a dependência química e depois contra o vírus da Aids. Atualmente, o tipo de terapia também pode ser adequado ao perfil de cada paciente, aconselha Oliveira. “Muitas estratégias são usadas tentando adaptar as medicações às características de cada paciente de acordo com possíveis efeitos adversos, números de tomadas e de comprimidos a serem usados diariamente, entre outros fatores”.

Segundo Oliveira, pouco ainda se sabe quanto à interação entre drogas “recreativas” e os antirretrovirais. Porém, ele aponta alguns dos problemas mais comuns: o alcoolismo crônico é um adjuvante dos efeitos negativos dos medicamentos sobre o fígado; o ecstasy e outras anfetaminas podem interagir com os inibidores da protease, um das classes de antirretrovirais, aumentando a concentração dos mesmos na corrente sanguínea; o álcool também pode intensificar os efeitos psíquicos do medicamento efavirenz, por exemplo, além de facilitar pancreatite nos usuários de ddI (didanosina).

Superinfecção

Ao descuidarem da prevenção, outro risco para as pessoas já infectadas pelo HIV é contrair o vírus pela segunda vez, que é chamado de superinfecção. Essa hipótese só agrava a situação, por diversas questões: as variações do HIV e a possibilidade de se adquirir um vírus que já tenha desenvolvido resistência aos medicamentos. De acordo com o especialista, “o sistema imune primariamente infectado não estabelece barreiras suficientes para uma nova infecção. Isso é um verdadeiro banho de água fria para a criação de uma vacina”, salienta.

Ele ainda afirma que existem relatos de que uma vez estabelecendo-se uma superinfecção, o paciente evolui com maior gravidade e progressão mais rápida para Aids.

Seringas contaminadas, sexo sem proteção e com muitos parceiros são os meios mais comuns para se ter uma superinfecção, o que faz com que os usuários de álcool e drogas tornem-se mais vulneráveis a esse tipo de risco.

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